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um homem de verdade a menos
Em toda essa história da chacina na Virginia Tech, o que realmente chama a atenção é a atitude do professor Liviu Librescu, que segurou a porta enquanto seus alunos fugiam pelas janelas e acabou morto. Librescu era um judeu de origem romena, sobrevivente do holocausto. Difícil saber o que se passou em sua cabeça, se é que algo passou. O fato é que achou mais importante salvar seus alunos do que garantir a própria segurança. Coisa difícil de se ver hoje em dia.
É simbólico que um dos poucos a se preocupar com os outros durante o tiroteio seja uma pessoa que teria todos os motivos para preservar sua vida ao máximo — afinal, não se tem sempre a sorte de passar incólume por uma situação de violência extrema duas vezes. Dois outros alunos ajudaram a segurar portas, ambos americanos ao que parece, mas nenhum deles foi ferido. Librescu se tornou o herói da história e isso é bom, porque em sua atitude está parte da solução para esse tipo de maluquice. O medo tende fazer com que as pessoas se preocupem consigo mesmas. É justo, mas também existe a possibilidade de isso aumentar ainda mais a distância entre as pessoas. E isolamento era justamente um dos problemas de Cho, o atirador.
É claro que Cho já era meio doido antes, mas certamente não ajudou o fato de sua professora separá-lo dos outros em atividades de aula, porque ele era considerado esquisito. Sintomática do nosso tempo a pergunta da apresentadora do Bom Dia Brasil de hoje ao correspondente Rodrigo Alvarez: "Rodrigo, sabemos que existem muitas pessoas desajustadas nas universidades americanas, o que as pessoas estão fazendo para se proteger?". Nossa sociedade vê os desajustados como ameaças, anomalias a separar do resto e, de preferência, eliminar. Até há pouco, a idéia era justamente a contrária. Todo o iluminismo se baseava na idéia de integrar melhor à sociedade os desajustados — o que também teve seus efeitos nefastos, como o imperialismo britânico, mas isso é outro papo. Não parece que isolar ainda mais as pessoas problemáticas vá impedir novas chacinas.
A resposta está em Librescu: é preciso voltar a nos preocuparmos um pouco mais com o próximo e menos com nós mesmos.
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