rato branco pós-moderno.
Recentemente, lançaram na França um livro chamado "O livro negro da psicanálise", queimando Freud e seus comparsas. Como quase tudo que nasce no hexágono, causou polêmica. Esgotou-se a edição em semanas e reações fervorosas surgiram dos dois lados. A saber: de um, os psicanalistas; de outro, os moços e moças da terapia cognitiva comportamental (TCC). Tudo que eu sei, é claro, é superficial, como boa publicitária que sou. Saiu uma reportagem sobre o assunto na Carta Capital, e ela consumi. Ao que parece, os psicanalistas tem um lobby muito grande na França por questões históricas (Lacan), mas também porque o país é um fã da terapia (e de medicamentos. Maior consumo de antidepressivos do mundo). A ponto de terem conseguido tirar do ar uma pesquisa científica que mostrava que a terapia cognitiva comportamental era mais eficaz que a psicanálise.
Bem. É onde entro.
Me parece que medir em laboratório resultados da psicanálise é meio insano, algo como medir a produtividade de escritores. Eu sei realmente muito pouco sobre a TCC, mas creio que ela está para rato-branco-em-gaiola do mesmo jeito que a psicanálise está para filosofia (ou MACONHA, diriam os mais sarcásticos). Bem, sendo assim, não é difícil imaginar que o cognitivismo esteja levando vantagem, ou se encaminhando para tal: as pessoas querem resolver os seus problemas o mais rápido possível, e da forma mais simples possível. Esse é o mundinho sem paciência de hoje, babe, em que mais vale tomar um comprimido do que ficar desdobrando causas desse ou daquele trauma ou traço de personalidade.
Há cerca de três anos eu vou numa lacaniana. Quando me perguntam se isso funciona, se eu melhorei, isso realmente é difícil de dizer. Melhorei? O que significa tal coisa? Hehehe, amigo, eu me contaminei, e aprendi a pensar subjetivo. Talvez seja esse exatamente o meu maior ganho: o modo como se amplia a vida, o mundo, as possibilidades. Me parece, por exemplo, muito mais simples hoje identificar exatamente a causa de uma briga familiar, o papel que cada um desempenha e etc. Aprende-se enormemente sobre natureza humana, e se isso te interessa, amigo, é o caminho. A mim, me interessa, me preenche, me fascina. É como se aumentasse a minha percepção, upgrade no meu radar. Um belo ganho, uma vez que, para mim, é essa vida e fim.

postado por Carol Bensimon as 10:27 | pitacos (8) | trackBack (0)

arquivos

insanus



Kongo.gif