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me dá uma lista.
Em 2004, a Rolling Stone lançou uma lista das 500 melhores músicas de todos os tempos (Rolling Stone's 500 Greatest Songs of All Time). Embora seja esse o nome, as melhores músicas de todos os tempos, é importante saber que estamos falando essencialmente do rock e suas variações, portanto não espere por um jazz ou coisa que o valha; sem exceção, são canções em língua inglesa; todos os tempos começa na década de 40 e vai até as vésperas da lista, em 2003. Para elaborar o ranking, foram consultados 172 músicos, críticos e outras figuras da área.
Faz algum tempo já que baixei todas as músicas da lista, facinha de encontrar nos torrents da vida, e em todo esse tempo era muito simples perceber que as décadas estavam representadas de modo desigual, o que não é propriamente uma novidade, mas antes um clichê do mondo rock. Pois bem. Inspirada na boa recepção do cálculo de custo dos 100 livros essenciais e nos EXCELentes conhecimentos do novio, tomamos a noite de quarta para cálculos no sofá. O resultado é que agora temos um gráfico que mostra de que modo as 500 melhores músicas de todos os tempos se distribuem ao longo dos anos e das décadas.





Parece mais razoável deixar o gráfico falar por si, mas em todo caso vou apontar algumas coisas, das infinitas que se pode apontar:
* O ano de 1965, que rendeu 35 das melhores músicas da lista, contém 6 Bob Dylan e 5 Beatles.
* As décadas de 1960 e 1970 respondem por 345 músicas, isto é, 69% da lista.
* O período entre 1973 e 1979 ficou numa oscilação bizarra, e não encontrei nenhuma explicação significativa para isso.
* 1991, o melhor ano da década de 90, tem 7 músicas, das quais 3 são do Nirvana (Nevermind).
* Os anos 2000 estão representados por uma música do Outkast e duas do Eminem. Me parece completa injustiça, embora não me ocorra de pronto o que colocar no lugar sem que soe pessoal demais.

No geral, o gráfico parece alimentar questões insolúveis, do tipo: será que os anos 60 e 70 foram musicalmente superiores e que gênios do porte daqueles ainda não apareceram? Será que nós fomos todos levados a acreditar nisso, de modo que essa sonoridade das duas décadas ainda nos agrada mais do que o que veio a seguir, mas que então tudo não passa de um grande engodo midiático? Ou será que nós temos distanciamento suficiente para analisar os anos 50, 60 e 70, mas não quando pensamos na década de 80, e menos ainda dali para diante? Enfim. Alimentem a caixa do comentários com mais observações ou opiniões. Foi difiícil fazer esse gráfico pô, agora tem que BOMBAR.

postado por Carol Bensimon as 09:38 | pitacos (15) | trackBack (0)

sebos.
O Nando da Estante Virtual gostou do meu post sobre os 100 livros essenciais da Bravo e resolveu calcular quanto custariam os 100 livros via Estante Virtual, escolhendo sempre a opção mais barata disponível nas pesquisas. O resultado:

Se todos os 100 livros fossem comprados na Estante, pelo preço da edição mais barata, custariam (excluso o frete) R$ 979,70. Esse valor corresponde a 17% do preço calculado segundo os critérios da revista e usados pela Carol. É uma média excepcional de menos de R$ 10 por livro, e muitos deles são edições gigantes, como “Guerra e Paz” (1.500 págs) , “O Livro das Mil e Uma Noites” (dois volumes), “Decameron” (800 págs) e “Finnegans Wake” (1.700 págs), que encarecem muito a lista.

Todo o post no blog da Estante Virtual.

postado por Carol Bensimon as 21:39 | pitacos (1) | trackBack (0)

pocket-resenhas.
Crimes de autor (Roman de gare) vale o ingresso sobretudo para quem acha que nada acontece nos filmes franceses. Um thriller trimassa com mulheres francesas surtando, para variar, e todas as reviravoltas e truques de um Talentoso Ripley. O que me agradou SOBREMANEIRA foi o início do filme. Nunca tinha visto no cinema (na literatura, há casos) nada minimamente parecido: temos um cara em cena dirigindo por uma auto-estrada, e temos a informação de que um pedófilo acaba de fugir de um presídio, e também sabemos que um professor de literatura do subúrbio desapareceu, deixando o emprego, mulher e filhos, e portanto demoramos uma ETERNIDADE para saber qual dos dois é aquele homem (quanto então cria-se uma terceira possibilidade). Recurso sensacional.

A culpa é do Fidel (La faute à Fidel) é a história de uma garota de 9 anos e de seus pais de esquerda e politicamente engajados. Diversão garantida. Embora a minha mãe (de esquerda) tenha ficado o tempo inteiro reclamando da menina - que tem inicialmente tendências de aristô - não consegui (ainda que de esquerda, creio) evitar minha simpatia em relação à personagem. Em tempos de amigas grávidas, levanta a questão de até que ponto podemos envolver os filhos nas nossas ideologias ou gostos pessoais, e que talvez seja mais importante para uma menininha andar de balanço tranqüilamente do que saber que crianças estão morrendo aos montes na África.

Ao lado da pianista (La tourneuse de pages). Mais um thriller, mais um casal rico de meia-idade e mais uma prova de deprevação da sociedade francesa. Excelente. Tensão sem limite no nada acontecer. Trimassa no IMDB uns americanos não entendendo o final e um espanhol tendo que explicar.

Lírios d'água (Naissance des pieuvres). Não perco nenhum filme adolescente indie. Antes, li comparações dele com os filmes da Sofia Coppola. Já vale a pena inicialmente pela bizarrice do universo: uma equipe de NADO SINCRONIZADO num subúrbio de Paris. Uma garota se apaixona pela líder da equipe, que é conhecida como a putinha da zona (depois, é virgem). Amor de um lado, uso indiscriminado de outro. Bonito final.

Todos, menos o primeiro, passaram no Festival Varilux, que já está acabando.

postado por Carol Bensimon as 21:07 | pitacos (8) | trackBack (0)

alegria de tevê.
Nada como febre e vômito na semana passada para que eu então viesse a descobrir o melhor programa de esporte da tevê à cabo: campeonato de sinuca feminina, obviamente em Las Vegas. Incrível. Não erravam uma, e ainda por cima eram mulheres maquiadas. Ficavam esperando a adversária jogar sentadas num troço que mais parecia uma cadeira elétrica. Mas o melhor de tudo eram os comentários. Enquanto o comentarista mandava muito mal e revelava-se tão amador quanto eu, a comentarista deve pertencer à liga de sinuca feminina brasileira, se isso tem alguma chance de existir de fato. Além da invejável lista de termos técnicos que não consigo reproduzir, rolavam umas frases sensacionais, do tipo Linda se prepara, coloca o queixo no taco... uma posição típica européia....
Enquanto isso, eu ficava pensando em que tipo de mulher decide jogar sinuca profissionalmente, e qual será que é o caminho para se tornar uma jogadora de sinuca.
O que me lembra que eu preciso contar mais tarde que estou jogando tênis.
Mas antes, outra frase sensacional que ouvi num programa sobre foguetes. Esse veio de um cara que, junto com outros DEMITIDOS DA NASA, resolveu fazer uma empresa do tipo foguetes para vôos comerciais. Um pouco descrente, me larga essa (anotei as exatas palavras):
"O problema é que não tem muita gente que precisa sair da atmosfera".

postado por Carol Bensimon as 13:34 | pitacos (8) | trackBack (0)

100 livros essenciais.
A Bravo lançou esse mês uma edição especial, 100 Livros Essenciais da Literatura Mundial, como já haviam feito com a literatura brasileira e o cinema.
Apesar de uns erros grostescos de revisão, não pude desgostar: me amarro além da conta em listas. Sempre sei que lá estará O grande Gatsby, Ulisses, Crime e castigo, Lolita, O retrato de Dorian Gray. Mas há, claro, as surpresas: A ilustre casa de Ramirez (porque esse entre todos os Eças? Porque é mais curto e não chateia tanto quanto Os Maias?), O náufrago (boa surpresa), A epopéia de Gilgamesh ("...trata-se do mais antigo texto literário preservado". Não, obrigada).
Mas o mais divertido é prever os novos desafios literários, ou contemplar pela enémisa vez aquela obra que jamais lerei, ou pensar em quantas pessoas leram a primeira parte de A la recherche du temps perdu e quantos dessa chegaram até a última (e que bonito será caso eu consiga terminar lendo no original e em voz alta. Nada mais será preciso para provar o sentido da existência, ha).
Mas, de fato, o mais importante que fiz com a lista, com o apoio logístico e intelectual do Diego, foi contabilizar a quantidade de dinheiro que se gastaria comprando todos os 100 livros sugeridos, considerando a edição apontada pela Bravo (e, no caso de o livro estar esgotado, procurando uma cópia usada de preço mais baixo na estante virtual).

Resultado: R$ 5.667,96

Ou seja, nada que a gente não soubesse: impossível querer que se leia nesse país.

Mas então fomos além na trabalheira. Resolvemos procurar todas as 100 obras na amazon francesa e ver quanto um francês gastaria para ler a mesma centena recomendada.

Resultado: € 1.187,44

O que quer dizer que, além do francês poder comprar Medéia, Tartufo, Madame Bovary e outros por 1,90, provavelmente um brasileiro francophone poderia encomendar tudo isso e, depois da conversão e da taxa de importação, ainda assim sair no lucro.

A tabela de Excel ficou realmente assustadora. Por exemplo, a primeira obra da lista, que é a Ilíada, sai aqui por R$150 (dois volumes, R$75 cada), enquanto que, na França, paga-se €5,23 por ela.

Mas é claro que comparar literariamente Brasil e França só podia produzir uma anomalia. Ainda assim, diante dessa quase impossibilidade, me parece possível pensar uma coisa ou outra. A primeira delas é que vejo com bons olhos o surgimento progressivo de livros pocket produzidos no país. O pocket é a salvação mundial, e finalmente o Brasil se deu conta disso. A segunda delas é que a obra mais barata da lista, no Brasil, é Memórias Póstumas de Brás Cubas, única representante nacional dos cem livros essenciais (edição da Record por R$11 e, se não me engano, tem uma da L&PM Pocket baratésima também). Me parece lógico que isso aconteça sobretudo por razões pedagógicas. Fala-se sobre Machado na escola e obriga-se a lê-lo (para o vestibular). Talvez se, nesse contexto, se desse um pouco mais de atenção à literatura mundial, poderíamos ter um 1984 ou um Apanhador no campo de centeio muito mais acessíveis.

postado por Carol Bensimon as 13:29 | pitacos (19) | trackBack (0)

não entendam como piada.
Alguém conhece uma serraria que eu pudesse visitar, em Porto Alegre ou imediações? Do tipo "o pai do meu amigo tem uma". Isso seria muito mais fácil, obrigada. Visita guiada for dummies.

postado por Carol Bensimon as 13:30 | pitacos (4) | trackBack (0)

coisas que gostaríamos de ver no itunes.
1. Um shuffle inteligente, de maneira que Smashing Pumpkins seguido de rumba se tornaria uma coisa difícil de acontecer. Não que às vezes não desejemos o choque. Sim, buscamos as mais variadas e aleatórias combinações, mas por vezes o bom-senso só quer que as coisas se encaixem docemente. O smart shuffle portanto seria uma segunda forma de usar o shuffle, não excluindo a primeira, e poderia nascer de uma boa relação apple-last.fm : o itunes utilizaria do last.fm as relações de tal artista com artistas similares e etc. Engraçado seria ver o círculo se fechando e intransponível. Se ouço Sufjan Stevens, ouvirei também Iron & Wine, Andrew Bird, obrigatoriamente Bright Eyes, e portanto nunca poderei sair de cinco ou seis artistas. Não tenho a solução para isso.

2. O mesmo arquivo de áudio poder aparecer dentro do itunes como duas faixas de dois álbuns diferentes. Pode ser um detalhe insignificante, mas me irrita muito ter que manter, seguindo o exemplo do Smashing Pumpkins, Today para o Siamese Dream e outro Today para o Greatest Hits, senão é a ruína da audição tanto de um cedê quanto do outro.

postado por Carol Bensimon as 12:18 | pitacos (3) | trackBack (0)

deus não é grande.
Não é a primeira vez que, ao abrir o Correio do Povo a fim de conferir os comentários sobre a palestra do Fronteiras do Pensamento da véspera, tenho a impressão de que assistimos, eu e a jornalista, eventos muito distintos. Achei que deveria relevar, até abrir o jornal de hoje. Ontem foi dia de Christopher Hitchens, que fez uma ótima palestra para acabar com qualquer tipo de crença religiosa. Seu livro "Deus não é grande" já é best-seller (mais um best-seller pregando a descrença. Me faz ser otimista em relação ao futuro da humanidade). Hitchens fez uma palestra controlada e racional. Não sei o que estavam achando os crentes da platéia. A única manifestação negativa na verdade veio de uma única pessoa na hora das perguntas, quando Hitchens falou coisas sobre intervenção militar, um rápido e solitário uh.
No Correio do Povo de hoje, a manchete é "Hitchens provoca até risos". A legenda da foto: "Público riu das ironias de Christopher Hitchens ontem, no Copesul Cultural". Uma frase do texto: "O público achava até cômica a fúria do homem".
Bem, eu estava lá, e NADA disso aconteceu. Eis o que se passou. Como é habitual, após os 45 minutos de palestra, metade do público saiu e simplesmente ignorou que havia ainda mais meia hora de perguntas, como se fossem adolescentes que só foram na aula pra responder a chamada (ESSA é a elite intelectual portoalegrense? ah, ok). Bem, lá estava Hitchens então sentado na sua poltrona e esperando que chegassem as perguntas. E quem conduzia ontem a cerimônia toda (sempre muda o apresentador) era nada mais nada menos do que Anonymus Gourmet. Guarde bem esse dado. Bom, como também acontece habitualmente, por mais brilhante que sejam os conferencistas, eles sempre são umas toupeiras na hora que ganham os seus fones de tradução simultânea e não se ligam que, após ouvir a tradução da pergunta, devem tirá-los. Quase nunca o fazem, o que resulta em resposta quebradas e difíceis de acompanhar (o conferencista vai responder a uma pergunta e diz cinco palavras, escuta o tradutor fazendo o seu trabalho, diz mais cinco palavras, pára de novo, e assim sucessivamente). Ontem não foi diferente, de modo que, com essas pausas, ficava difícil saber se Hitchens já tinha terminado de responder a pergunta e portanto Pinheiro Machado podia ler a próxima, ou se ele ainda não tinha terminado o seu raciocínio. Mas não TÃO difícil assim quanto parecia ao Anonymus Gourmet, que conduziu mal pra burro todo o cerimonial. Vergonha alheia. E daí as risadas. As risadas do público (meia dúzia de pessoas, talvez) vinham pela confusão do Anonymus frente às pausas de Hitchens.
Portanto distorcer dessa forma ou é erro jornalístico, ou é para fazer-nos lembrar que o Correio agora pertence à Record. Não sei se aí já não seria paranóia demais. De todo o modo, fica registrado.

postado por Carol Bensimon as 09:51 | pitacos (11) | trackBack (0)

tentando dormir num domingo.
E aí, além de ver o Axl Rose andando na neve de short e achando perfeitamente natural (porque ele sempre precisava mostrar as suas pernas - e nada de extraordinário nas pernas), redescubro as BLUSAS DE REDINHA, que de propósito estavam trancadas em algum compartimento empoeirado da minha memória. E na sua divisão mais nefasta: blusa de redinha para homens. A contradição já expressa no próprio significante. Sério, admiro do fundo do coração alguém que já trajou coisa semelhante.

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postado por Carol Bensimon as 14:12 | pitacos (5) | trackBack (0)

os felinos estão acabando.
Apareceu por esses dias a Mac OS X Leopard, a atualização do sistema operacional da Apple. Surge depois de uma longa lista de felinos: Tiger, Panther, Jaguar, e não necessariamente nessa ordem. O gran finale parece estar sendo reservado para o leão. Jaguatirica seria meio ridículo.
Assistir ao vídeo apresentando o sistema é inicialmente embasbacante, depois cansativo (dado o tamanho). Aqui. Apesar do pânico inicial de mudar de sistema e arruinar todo o computador, pretendo instalá-lo nos próximos dias, ou semanas.
Faz muito tempo que não tenho contato profundo com um Windows-qualquer-coisa, mas os relatos de pc users continuam alimentando incansavelmente a lista de infinitas reclamações sobre o sistema. Lenda urbana ou não (alguém confirma?), dizem mesmo que possuir um Sgt. Pepper's original e querer transformá-lo em mp3 é proibido pelo Windows Vista. O mesmo para qualquer cedê. O que sei também é que todo mundo foge desesperado do Vista e, ao menor contato, corre de volta para o XP. Menos o Walter.
A outra possibilidade é que Windows não seja mesmo um sistema tão ruim, mas as pessoas não conseguem para de reclamar. Quanto a mim, prefiro não arriscar novamente, e dou as mãos àqueles que tem vontade de morder qualquer novidade da Apple. So cute, so cute.
Tirando a auto-ironia, dá pra dizer que o Mac OS X torna-se cada vez mais friendly. Talvez não seja o que uma pessoa louca por complicações tecnológicas espera do seu sistema operacional, mas é o que EU espero. Só quero arrastar as coisas de um lado para o outro e sorrir do trabalho feito.
Isso me lembra que outro dia um cara da Vírtua veio aqui verificar uns problemas habituais do modem. Ao deparar-se com dois macs, começou a suar e achar-se incapaz (isso que eu tinha avisado que eram macs quando solicitei a visita). O cara, no máximo do desespero, chegou a perguntar se o mac tinha uma interface "do tipo DOS". Neguei a existência do mundo paralelo. Sentindo acuado, foi mesmo assim executando o seu trabalho, que começava pela troca do modem, e devo dizer que por aí acabou: foi só reiniciar o modem e tudo estava automaticamente beleza.

postado por Carol Bensimon as 12:44 | pitacos (17) | trackBack (0)

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