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Quinta-feira os comentários me tomavam pelos lados: todo mundo tinha algum amigo que conhecia a garota rica que se matou. Nessas horas, Porto Alegre se encolhe em cidade do interior, e você nunca estará distante de qualquer dessas pessoas mais do que dois graus. Assim achei. Fui até minha colega de trabalho e perguntei quem era, eu devia conhecer. Me disse o sobrenome, que logo me lembrou essa menina loira do colégio, que andava com outra menina loira. Eu admirava ambas por suas posturas e potências. Disse o nome, a colega balançou a cabeça na negação: não, era Roberta. Esqueci do assunto pela conveniência da distância.
No dia seguinte, primeiras horas do fim de semana e fui aparecer no Barbarella para uma empada de 4,50 e altos níveis de fina conversa. No silêncio de minha mesa, vazou a conversa da do lado: falava de uma suposta festa onde havia uma pessoa estranha, não pertencente ao grupo, e que identificaram como o terapeuta de fulana. Ri da conversa furtada e relatei para juju, ao que emendou séria: devem tá falando da guria que se matou.
Espantei. Mas então o nome dela era mesmo....? Era. A colega havia feito confusão.
No escuro que começava, conversamos sobre detalhes e tentamos inutilmente compreender como as dores tomam essas proporções, a ponto de um tiro de espingarda na boca tornar-se uma saída. No fim de semana inteiro, a história mergulhou na minha cabeça, me torturou e me silenciou, me deixou meio abobada ouvindo detalhes aumentados de sua vida.
Talvez seja justamente por isso que agora eu não consiga escrever um post decente sobre o assunto.

postado por Carol Bensimon as 15:03 | pitacos (13) | trackBack (0)

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