82. ah, droga.
Quando as músicas dos anos 60-70 falam de flores no cabelo, eu fico bem ressentida de ter nascido tão tarde. Sério. Pode haver algo de extremamente poderoso na "nossa" geração, como diz um amigo meu mais velho que, empolgado, relata revoluções digitais e coisa e tal, mas o que mais há para dizer? A década de 80 foi o começo do fim, e nada é mais apocalíptico que a sonoridade de Electricity, do OMD. Para mim parece uma fratura exposta. Não consigo imaginar nenhuma cena de felicidade que possa se encaixar nisso. Começo a imaginar as imagens que iriam bem com essa, com Enola Gay ou ainda com as músicas do Depeche Mode, e então vejo que não é a toa que historicamente os anos 80 estão ligados ao individualismo, porque tudo que consigo imaginar é uma paisagem que é sempre noite, com pessoas que estão sempre sozinhas.
E daí eu começo a ouvir Leonard Cohen, ou Joan Baez, cantando Famous Blue Raincoat (1971). Me diga se estou romantizando um tempo que não vivi ou se seria possível alguém chegar agora em 2006 e escrever em um verso: "I hear that you're building your little house deep in the desert". Ou "New York is cold, but I like where I'm living / There's music on Clinton Street all through the evening". Não há tese, eu apenas SINTO que não é mais possível dizer coisas parecidas, e nem mesmo falar de um casaco de chuva azul no ombro de um cara.

postado por Carol Bensimon as 20:10 | pitacos (10) | trackBack (0)

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