maldição literária.
Acho que faz um ano que tento escrever certa história, e não dá. Antes era romance, depois uma das quatro novelinhas do livro em processo de. Diminuído o tamanho, não diminuiu a dificuldade. Ou antes: a insatisfação. Agora já são 19 arquivos de word com diferentes tipos de começos, meios, fins, cenas, narradores e desdobramentos. Deixo que ela descanse, volto, recomeço, nunca dá pra dizer É isso. Já chamo a coisa de maldição. Fico pensando porque não consigo contar essa história. Parece que faria sentido se ela estivesse saindo de algo muito pessoal e que portanto a falta de distanciamento impediria a boa execução. Não é o caso. Parece também que faria sentido se o universo, se os personagens, fossem tão distantes de mim que me obrigassem a um estudo delicado, a uma inserção provisória num lugar distante e desconhecido. Também não parece ser o caso, e o que tive de pesquisar, já o fiz. Mas talvez o pensar tanto sobre a história tenha a tornado tão grande e complexa que há uma clara dificuldade em decidir a melhor maneira de contar. Basicamente o que pegar e o que deixar de fora, e em que ordem.
Talvez seja melhor esquecê-la definitivamente. Não agüento mais olhar para a frase "A nossa casa era a Caixa", que abre uma meia dúzia das versões, embora eu a ainda ache adequada para a idéia toda. A narradora também parece estar, hm, divertida com uns pensamentos mezzo infantis mezzo ácidos, mas escrever em primeira pessoa anda me irritando ultimamente. De qualquer maneira, em certa parte da história parece necessário (e a mistura da primeira com a terceira já foi cogitada em umas três versões).
É, essa família excêntrica morando na casa modernista está dando um trabalho dos diabos mesmo, excedeu-se o número de planejamentos. Acho que de novo vou colocá-la para dormir e investir na trama do hotel com a garota que trabalha de furry.

postado por Carol Bensimon as 16:41 | pitacos (5) | trackBack (0)

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