bom dia, eu sou um furry, e esses são meus dois primeiros parágrafos.
Edgar limpava as piscinas, uma rede na ponta de um cano. Dois metros de um pega qualquer coisa e eu disse da primeira vez: você parece estar caçando borboletas, hein? Edgar começava pela piscina maior, depois a térmica. Fazia sol na cara dele, e eu na sombra que o prédio fazia. Era um hotel enorme. Algumas janelas com vista para a piscina, outras para o bosque, outras para o vale. Duas noites numa janela para o vale, um salário de limpador de piscina. Edgar olhou para mim e depois mergulhou a rede bem devagar, como se não quisesse despertar a água naquela hora da manhã. Trouxe para fora, bateu de leve na laje, caiu uma coisinha preta. Cheguei perto. Uma abelha, cada parte colada na outra, as asas imperceptíveis. Vai secar e vai voar, disse o Edgar. Foi caminhando pela borda com o seu remo de deixar piscina sem folha nem inseto em brinquedo de criança. Mais na frente estava a piscina térmica dentro da sua casa transparente e soltando fumaça. Edgar entrou. Antes ele disse: boa sorte.


O hotel era inevitável, questão de saber quando e qual parte do serviço. Tínhamos as nossas casas de madeira no pé da montanha, e no topo havia o prédio comprido de três andares, as janelas, as sacadas, a família fazendo a bagagem se carregar. O cheiro da lenha queimando enquanto ia aparecer na foto do casal, cheiro do queijo derretido, do chocolate quente, dos lençóis enbranquecendo na lavanderia. Quem podia passar, passava, e ia embora lembrando com a jaqueta de couro comprada na loja do hotel, vinho no porta-malas batendo um no outro, timtim. Quem só podia ficar, ficava, limpando o rastro de quem tinha ido, porque era o que dizia a gerência, tudo como novo. Como se ninguém. Toctoc, com licença. É para a entrevista. E o Gerente disse entra.

postado por Carol Bensimon as 10:01 | pitacos (6) | trackBack (0)

arquivos

insanus



Kongo.gif