Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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nada mais solitário que a multidão

O Parada comenta notícia do Washington Post, dando conta de que o número de norte-americanos solitários dobrou nos últimos vinte anos. Estas pessoas reclamam de não ter com quem falar de seus problemas.

Os comentários descambaram para uma discussão sobre psicanálise, quando o Parada lembrou que muita gente paga profissionais para este tipo de desabafo. Os outros se mostraram mais do que céticos em relação à utilidade da terapia. Uns propuseram esporte como forma de descarregar as frustrações — o que aliás funciona muito bem. No entanto, é complicada mesmo essa questão da falta de interlocutores.

O ser humano precisa se assegurar de alguma forma que vê o mundo da maneira apropriada. Nada pior do que se sentir pensando em alguma coisa sozinho. Achar que só você tem medo de não saber criar os filhos direito, por exemplo, ou que, realmente, não faz muito sentido se matar de trabalhar cinco ou seis dias por semana quando a existência é tão curta. É bom saber que não se está ficando maluco, ou distante da realidade. Serve também para aprender como se vive em sociedade.

O patético é que em geral as pessoas têm receio de desabafar sobre estas mesmas questões com os amigos ou a família, com medo de ser julgadas por suas opiniões ou "idéias bobas". Temos necessidade de resolver dúvidas existenciais, mas não temos coragem. Como se não fosse uma dificuldade compartilhada por todos. Aí o sujeito vai lá e paga alguém para ouvi-lo de um ponto de vista neutro. Ou arranja uma religião que ofereça um manual para tudo isso, explicando o que se pode e o que não se pode fazer. Tanto faz.

Diz-se por aí que dos pacientes psicanalisados, um terço melhora, um terço piora e o outro fica na mesma. Provavelmente não é verdade, mas também não é impossível. Em todo caso, faz sentido. Na vida, as pessoas melhoram, pioram ou ficam na mesma. Psicanálise não pode mudar isso. No máximo, permite ao paciente aceitar isso. Ou, como gosto de responder quando me perguntam se me ajudou: "olha, continuo fazendo as mesmas cagadas, mas agora ao menos eu sei o porquê".

25 de junho de 2006, 11:29 | Comentários (6)



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