Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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se amas teu filho, não lhe poupes a vara

The problem might be, for example, that people have come to believe that the satisfaction of choice, no matter how ill-informed, whimsical or deleterious, however childish or child-like, is the whole meaning of existence, at all the ages of man, from the very moment of birth onwards. Clearly, this has a connection with the notion of consumer choice: it is the wrongful extension of a principle that, in the right context, is obviously an excellent one.

Theodore Dalrymple destrincha as razões mais óbvias para o surto de obesidade infantil em um artigo na New English Review. É assunto marginal no texto, que trata na verdade do preconceito politicamente correto em artigos científicos, mas levanta uma das questões mais irritantes hoje em dia: a incapacidade de assumir responsabilidades. No caso, a responsabilidade de educar os filhos, aspecto que preocupou o Pedro Doria.

Como os adultos esperam educar os filhos se eles mesmos agem como pivetes mimados, sem a menor habilidade em lidar com frustrações? Os marqueteiros tiveram sucesso em convencer as pessoas de que a vida DEVE ser só prazer. Pais criados sob o rigor de outro ambiente cultural não querem que seus filhos passem pelo mesmo "sofrimento" de ter suas vontades negadas. Por causa da crença no prazer constante, não conseguem ver o quanto as frustrações formam o caráter de um ser humano. Como criança que levou umas boas palmadas toda vez que mereceu, diria até que, se tivesse de escolher entre pais superrigorosos e pais idiotas, preferiria os primeiros. Poderia crescer com montes de neuroses, mas é mais fácil se livrar delas do que passar a tolerar a frustração depois de ter se tornado um narcisista. A queda é alta quando se entra em contato com a realidade.

Responsabilidade é tomar atitudes dolorosas no presente, para atingir um bem maior no futuro. Não tenho filhos, mas imagino o quanto é doloroso negar algo a eles. Ter de ouvir deles que você é um fascista, um chato de galochas, que não os ama o suficiente, se não quer dar seja lá o que queiram. Convém não esmorecer nesse momento. Se ser pai é preparar para a vida adulta, mostrar que não se pode ter sempre o que se quer talvez seja a coisa mais importante. Por outro lado, limites costumam incentivar a criatividade. Nenhum pai sensato acha que os filhos se conformam sempre com o "não". É claro que vão tentar driblar de alguma forma aquele limite. Quando conseguem, aí, sim, talvez seja o caso de fechar um olho, deixar estar e admirar em silêncio a inteligência do garoto.

E, em geral, quando a criança sai pela tangente e faz o que não deveria, logo descobre que os pais tinham bons motivos para negar alguma coisa.

17 de julho de 2006, 10:10 | Comentários (32)



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