Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


para os revolucionários de pijama

A chapa está quente no Tibete.

Não custa nada assinar essa petição ao presidente chinês Hu Jintao, para que cesse com a repressão e inicie um diálogo. Se não sabe inglês, os campos são, na ordem: nome, e-mail, telefone, país e CEP. Depois, é só clicar em "send".

18 de março de 2008, 21:05 | Comentários (10)

jornalistas x blogueiros, episódio 347
[...] o erro está sempre de tocaia e ataca quando a gente está relaxado, quando a gente acha que aquilo que está fazendo é fácil e simples. Por isso, como ouvinte, telespectador e leitor, como consumidor de informação, desprezo o excesso de interatividade. Quando ligo o rádio e ouço "esse programa é feito pelo ouvinte", mudo de estação. Não quero ouvir algo que é feito pelo ouvinte, nem ler o que o leitor escreve. Quero o trabalho do especialista, do jornalista de comprovadas experiência e competência. Quero consumir a elite, não a mediocridade. Até democracia demais cansa.

David Coimbra não gosta da invasão de leigos no jornalismo. Prevejo que muitos blogueiros vão denunciar o colunista de Zero Hora como tacanho, conservador e corporativista, mas estarão errados. Em primeiro lugar, Coimbra tem razão. O público raramente tem o conhecimento e, principalmente, os recursos à disposição dos repórteres profissionais para coletar e publicar informação. Em segundo lugar, as pessoas simplesmente têm o direito de não confiar no público que faz o webjornalismo participativo, ou de não gostar do resultado em termos estéticos e técnicos.

Existe muita porcaria sendo publicada Web afora em espaços destinados à participação da "ex-audiência". É muito raro encontrar um blog realmente bom. Mais raro ainda encontrar verdadeiros esforços de reportagem em sites como Wikinews ou Kuro5hin. Já o Digg se resume, no mais das vezes, a um repositório de todo tipo de lista ou tutorial. Nós que fazemos o webjornalismo participativo acontecer precisamos admitir que estamos deixando a desejar em muitos aspectos.

Isso dito, não dá para entender como Coimbra critica a participação do público quando em seu próprio jornal existe um dos melhores exemplos de webjornalismo participativo: a seção leitor-repórter. Trata-se de uma combinação excelente entre os "milhares de globos oculares" da audiência e a técnica jornalística. Os repórteres da RBS não podem estar em todos os lugares ao mesmo tempo, ainda mais com as reduções de força de trabalho pelas quais as redações passaram nas últimas décadas. O público, então, se encarrega de publicar pequenas notas a respeito de problemas para os quais David Coimbra e seus colegas jamais teriam tempo ou vontade de dar atenção. A equipe da Zerohora.com, por sua vez, usa seu conhecimento e acesso a fontes para dar voz a quem tenha sido implicado em alguma informação enviada pelo público. A audiência começa a fazer o serviço do pauteiro, doando seu próprio tempo à RBS, mas ganha em compensação uma cobertura melhor dos problemas que realmente lhe interessam.

Não é demais lembrar também que em geral os programas "feitos por ouvintes" nas grandes empresas de mídia são editados por jornalistas qualificados. Logo, se o resultado é ruim, a elite também precisa ser responsabilizada. É assim que funciona na RBS, empresa onde Coimbra trabalha. Inclusive, o próprio jornalista citado como exemplo de competência, Túlio Millman, usa fotos de telespectadores na vinheta do Teledomingo, e há também um quadro chamado "Meu mundo em um minuto", para o qual as pessoas são convidadas a enviar histórias. Millman está listado apenas como âncora do programa, mas sua participação implica em uma aceitação de que a audiência vai participar.

Coimbra não chega a afirmar isso, mas em geral quem critica a participação do público tende a achar que a mídia é um jogo de soma zero. Isto é, que é uma questão de eles ou nós, um ou outro, jornalistas profissionais ou "ex-audiência". A questão é que, com a televisão a cabo e a Web, a esfera midiática deixou de ser um latifúndio com escassez de espaço, onde realmente um tirava o lugar do outro, e passou a ser um espaço praticamente infinito. Ou seja, não é mais necessário barrar o material medíocre, pode-se publicá-lo e deixar à disposição de alguém que se interesse. E sempre há quem se interesse por qualquer coisa.

Ao ler o texto de Coimbra, fica-se com a suspeita de que ele não conhece direito o assunto do qual está pretendendo falar. Se tivesse se dado o trabalho de investigar a Web -- ou mesmo o próprio site do jornal em que trabalha --, poderia perceber que existe muita "elite" escrevendo em blogs, fóruns, webjornais participativos e quejandos. Um dos primeiros blogueiros do mundo é para além de 1337: Dave Winer, desenvolvedor de grande parte dos programas que usamos hoje para criar mídia na Web. Há alguém mais elite no Brasil do que o blogueiro Alexandre Soares Silva? Escreve melhor do que um batalhão de colunistas. Algum jornalista explicou de maneira mais simples a Web 2.0 do que o antropólogo responsável por esse vídeo? Os próprios veículos de webjornalismo participativo que critiquei acima volta e meia publicam matérias muito boas. Isso para não citar todos os fóruns em que especialistas regularmente dão informações técnicas de alta qualidade sobre suas áreas de atuação, de graça, para quem quiser saber.

O público participante erra, e muito. Porém, jornalistas profissionais também erram. E muito -- que o diga o Luís Nassif, inquestionável membro da elite, que matou Hélio Gama em seu blog semana passada. E vários deles têm um texto nada menos do que tenebroso. É difícil encontrar um cientista ou técnico em qualquer assunto que tenha sido entrevistado e considerado boa a matéria resultante. Sempre apontam erros crassos de compreensão por parte dos repórteres -- se não acredita, basta ver a seção media do blog Bad Science.

Antes da Web e da mídia social, webjornalismo participativo ou como queiram chamar, os verdadeiros detentores do conhecimento dependiam da boa vontade dos jornalistas para se comunicar com o público. Hoje, tudo o que os separa do público é um pouco de boa vontade desse público em garimpar a Web. Tarefa que nem sempre a elite da qual Coimbra faz parte desempenha corretamente, apesar de receber salário para isso.

17 de março de 2008, 11:57 | Comentários (15)

post pago é tiro pela culatra

Por favor, prezados marqueteiros, convençam-se de uma coisa: pagar blogueiros para publicar textos favoráveis a seus clientes, além de moralmente questionável, é desnecessário e quase sempre acaba em humilhação. Mesmo quando não acaba em desmoralização do blogueiro e conseqüentemente da empresa, fica chato, porque as pessoas não são tão idiotas assim e, em geral, percebem um ruído no fluxo normal do discurso do blog contratado.

Pior do que pagar por um post, só não pagar: a agência paulista Riot convidou o pessoal do Futepoca a escrever um texto elogiando Ronaldo, o fenômeno, que anda em baixa até com o Galvão Bueno. Ofereceram em troca uma promessa de, quem sabe, no futuro, rolar um post pago de verdade. Isso, claro, se tudo corresse bem com a laudatória ao jogador patrocinado pela Nike. O resultado foi um texto denunciando a prática da Riot e o previsível sacrifício de um bode expiatório para aplacar a fúria do cliente.

O mais engraçado é que as agências pagam (ou não) os blogueiros, mas fazem uma autossabotagem ao pedir que o texto esteja dentro de um certo roteiro. Há algum tempo um blogueiro de alto nível confessou ter sido convidado a fazer um post pago, mas acabou não aceitando, porque a agência exigiu uma publicação ipsis litteris do texto que um redator havia criado. Ele tinha certeza que seus leitores perceberiam. A agência bateu pé e ele recusou.

Trata-se de uma suprema ignorância sobre o mundo dos blogs, exigir que se publique um modelo de texto. Uma das características mais interessantes desse tipo de veículo é justamente a subjetividade, a originalidade na expressão de cada autor. De fato, empresas como a Microsoft e o Google adotaram o formato blog para se comunicar com o público como forma de "humanizar" a marca. A idéia da Riot seria muito mais interessante se tivessem apenas dito ao pessoal do Futepoca para criar uma campanha de apoio ao Ronaldo eles mesmos. Fizessem isso com um número suficiente de blogs, certamente alguma idéia genial iria emergir.

Outro tabu entre as agências e clientes que ainda não se ambientaram à blogosfera é a identificação de posts pagos, ou seja, a admissão do contrato por parte do blogueiro. A verdade é que o público não dá muita bola para esse tipo de aviso, mas fica realmente chateado quando é engambelado. Logo, melhor ser transparente desde o início. Na verdade, algumas sugestões mais eficientes e moralmente aceitáveis do que os posts pagos identificados seriam:

  • Cobertura de eventos, com os blogueiros atuando como repórteres. A marca aparece igual, o blogueiro não precisa esconder nada dos leitores, e podem até trabalhar em troca do simples acesso ao evento, como aconteceu com alguns blogueiros na Campus Party.

  • Patrocínio de blogs a longo prazo. Pode ser um banner ou até um selinho discreto que mostre aos leitores do apoio da empresa àquele veículo de mídia independente. Por exemplo, ficaria muito feliz se, digamos, a Tramontina me oferecesse um valor mensal para ter o logotipo em algum lugar do Garfada.

  • Apoio em forma de produtos é outra ação de relações públicas com blogs que tende a dar certo. Ainda usando o exemplo do Garfada, seria muito bom receber produtos da Tramontina ou da La Gourmandise para resenhar.

    O grande desafio nessas três possibilidades é a agência e o cliente cederem o controle das campanhas aos blogueiros. Por exemplo, após enviar um produto, é preciso resistir à tentação de cobrar os autores por eventuais críticas recebidas. Gosto de elogiar sempre a postura do Dado Bier quando critiquei as cervejas novas que gentilmente haviam me enviado. O cervejeiro fez questão de telefonar, dizer que eu tinha razão e me convidar para visitá-lo -- o que rendeu um novo post. O principal ao planejar campanhas de marketing em blogs é ter em mente sempre que ninguém, por mais premiado em Cannes que seja, conhece melhor a linguagem de uma audiência do que o blogueiro a quem ela pertence. Deixem algumas decisões com ele e confiem.

    O Dahmer, comentando o caso Futepoca, aconselha: "Façam como eu. A partir de hoje, leiam as notícias dos blogs com a mesma desconfiança com que assistem aos noticiários de TV." Sugestão saudável, mas não acho que exista tanto motivo para pessimismo. Afinal, o Futepoca não apenas rejeitou a promessa de jabá, como ainda denunciou. Com isso, ganha credibilidade entre seus leitores. E assim o princípio da autorregulação vai separando o joio do trigo na Web.

    14 de março de 2008, 15:29 | Comentários (13)

    biblioteca brasileira sobre blogs

    As pesquisadoras Raquel Recuero, Adriana Amaral e Sandra Montardo montaram uma lista de artigos sobre blogs escritos por autores brasileiros desde o ano 2000. Farto material para monografias, dissertações e teses.

    Se alguém aí tiver publicado um artigo que não está na lista, as pesquisadoras pedem que se manifeste. A lista é parte de um panorama da pesquisa em blogs no Brasil, que vai figurar num livro a respeito do tema. Também vai figurar no livro um artigo escrito por mim, sobre as definições de weblog. Uma versão mais estruturada do texto "blogs já eram", como havia prometido um tempo atrás.

    4 de março de 2008, 11:09 | Comentários (10)

    nova geração

    Alguns de meus alunos da Famecos criaram a comunidade de blogs Sopa de Letras. Nada agrada mais a um professor do que ver a gurizada levando adiante suas próprias idéias, participando de projetos que transcendem a sala de aula. Cumprir o currículo do curso é importante, mas tão importante quanto é aproveitar o tempo livre da vida de estudante para criar algo.

    3 de março de 2008, 10:55 | Comentários (9)



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