Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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bailão centenário do cardosonline

Amanhã acontece em Porto Alegre o Bailão em comemoração aos dez anos do Cardosonline. Apareçam e revejam seus COLunistas favoritos, dancem ao som de sucessos dos anos 1990 e participem da fantástica competição de cabelos brancos -- quem tiver mais, ganha um frasco de Denorex.

O QUÊ: Bailão Centenário do Cardosonline
ONDE: Ooh La La - Oswaldo Aranha, 908
QUANDO: 19 de setembro, a partir das 23h
QUANTO: R$ 10

Foi publicada ontem também uma matéria no caderno de informática da Folha de São Paulo sobre os dez anos do Cardosonline -- para ver, clique no "leia mais" ao final deste texto. Como há pouco espaço no jornalismo impresso, achei interessante colocar todas as minhas respostas a seguir:

> * Como vocês "inventaram a internet"?

Com a ajuda inestimável dos professores da UFRGS, que fizeram a gentileza de entrar em greve mais ou menos ao mesmo tempo que a Internet comercial no Brasil engatinhava. Sendo jovens desocupados e vanguardistas, resolvemos dar vazão à nossa prepotência usando aquele incrível meio de comunicação que permitia enviar egotrips para o mundo inteiro sem a necessidade de tirar centenas de fotocópias, grampeá-las no formato de fanzine uma a uma e enviar pelo correio.

> * Como você enxerga o rótulo de "escritor de internet, surgido de blog"? Em
> quase todas as matérias que falam de escritores que usam a internet para
> escrever, o COL é citado como uma espécie de precursor...

Acho ridículo. Ainda bem que não sou escritor. Tenho pena da Clara, do Pellizzari, do Galera e do Cardoso.

> * Dez anos depois, como você vê a importância do COL para a internet?

Essencial, já que as duas coisas estão inextricavelmente ligadas.

> * Existiria espaço para algo semelhante ao COL hoje?

Praticamente toda a Internet hoje é algo semelhante ao COL, apenas em outro formato. Conforme o Technorati, cria-se um blog a cada segundo. Isso significa um COL a cada segundo. E não estou nem contabilizando o conteúdo produzido em redes sociais. Diria que o formato misturando egotrip e diletantismo desenfreado é hegemônico na Web, e não apenas a brasileira. O que é na verdade uma coisa triste. Muita gente boa achou que a Internet seria um grande avanço para o debate democrático, uma nova Atenas. Sinto-me responsável pelo fato de hoje a Internet parecer mais um cabaré parisiense do século XVIII.

> * O que você fazia no começo do COL e o que faz agora?

Tinha acabado de trocar o curso de Farmácia pelo de Jornalismo e estava dedicando grandes esforços a uma pesquisa empírica sobre a resistência do fígado humano ao etanol. Também estava dando os primeiros passos na carreira científica como bolsista em um núcleo de estudos em mídia na UFRGS. Hoje sou professor de Comunicação Digital na PUCRS, consultor em novas mídias e mantenho três blogs: o Martelada (www.insanus.org/martelada), pessoal, o Garfada (www.insanus.org/garfada), sobre gastronomia, e o Conversas Furtadas (www.insanus.org/conversas), que reúne fragmentos de diálogos entreouvidos nas ruas.

> * Vocês pensam em se reunir de novo, pra valer?

Não. Tenho a firme convicção de que a maior felicidade da vida é saber o momento exato de encerrar um ciclo e deixá-lo para sempre cristalizado como uma memória boa. Aí está um patrimônio inestimável na velhice -- ao menos até a esclerose atacar.

E-zine Cardosonline completa dez anos

PRECURSOR >> Fanzine por e-mail chegou a ter 5.000 assinantes e
revelou escritores como Clarah Averbuck e Daniel Galera

DANIELA ARRAIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles dizem que inventaram a internet. E até registraram um domínio
para não deixar isso passar em branco: www.inventamosainternet.com.

Há dez anos, quando grande parte das conexões à internet era discada,
e blogs e redes sociais ainda começavam a engatinhar, uma turma de
estudantes se reunia virtualmente para fazer uma publicação também
virtual, de ares culturais, que era distribuída por e-mail.

Em três anos de atividade, o Cardosonline, ou COL, chegou ao
expressivo número de 5.000 assinantes. Foram 278 edições, cada uma com
o equivalente a 70 páginas de texto, feitas por oito pessoas.

"[Inventamos a internet] aos 20 e poucos, sem querer, de madrugada, em
roupas de baixo, sob o efeito de substâncias divertidas, em porões,
sótãos e quartos escuros quase sempre localizados na casa de nossos
pais", lembra André Czarnobai, o Cardoso que dava nome ao mailzine -de
estudante de jornalismo na época, ele se transformou em consultor
criativo e escritor, com o livro "Cavernas & Concubinas".

Prepotência juvenil
"Sendo jovens desocupados e vanguardistas, resolvemos dar vazão à
nossa prepotência usando aquele incrível meio de comunicação que
permitia enviar egotrips para o mundo inteiro sem a necessidade de
tirar centenas de fotocópias, grampeá-las no formato de fanzine
[espécie de revista autoral] e enviar pelo correio", completa Marcelo
Träsel, então estudante de farmácia e hoje professor de comunicação
digital e consultor em novas mídias.

Para Daniel Pellizzari, o Mojo, escritor e tradutor, o COL foi
precursor de alguns elementos da web 2.0, em que o usuário não apenas
consome conteúdo, mas também o produz.
"Fomos precursores do senso de comunidade e de interação entre
produtores e consumidores de conteúdo, que a partir de determinado
momento se tornaram uma coisa só."
"Foi basicamente uma questão de mídia, não de estilo", completa
Guilherme Caon, professor universitário.

Guilherme Pilla, que hoje trabalha com produção de vídeos, reconhece
que existiam outras iniciativas do gênero na internet, mas ressalta o
"fenômeno de massa" que era o zine.
Foi no COL que alguns escritores da nova geração, como Daniel Galera e
Clarah Averbuck -que costumam ser classificados por críticos e
jornalistas como "de internet"-, começaram a publicar seus textos para
um público maior.

"A gente sacou, antes de todo mundo, que a internet era o meio ideal
para autores iniciantes divulgarem seus textos", afirma Galera, que
teve seus livros transpostos para o cinema com "Cão Sem Dono", de Beto
Brant. "Ainda não existiam blogs. Aprimoramos o modelo de publicação
via e-mail para levar a cabo o que hoje tanta gente por meio de
Blogger, WordPress, MySpace e tal."
Clarah Averbuck, que teve textos de blogs e livros usados no filme
"Nome Próprio", de Murillo Salles, rebate a relação entre literatura e
internet. "Escritor é escritor. Pode escrever na internet, em papel de
pão, em máquina de escrever. Escritor escreve."

Mas um integrante do COL dá razão ao rótulo. "Não há como negar que o
meio influenciou a mensagem neste caso: escritores saídos da rede são,
sim, um produto dela. Mas essa transformação é muito mais abrangente",
diz o jornalista Hermano Freitas.

Para comemorar os dez anos do COL, Cardoso e turma preparam uma edição
especial para 999 assinantes. Uma possível volta é descartada por
todos. "Esse negócio de se reunir depois do fim é coisa de banda
precisando de dinheiro pra comprar mais drogas. Errado", diz Clarah.

18 de setembro de 2008, 15:13 | Comentários (5)



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