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traduções.
Comprei A Dama do Lago, de Raymond Chandler. Explicação necessária: L&PM Pocket. Primeira frase: "O edifício Treloar ficava - de fato, lá está até hoje - do lado oeste de Olive Street, perto da Sexta Avenida". Com meus bem medianos conhecimentos de inglês, foi fácil imaginar que o original deve ser "in fact" e que o tradutor simplesmente CANETEOU um "de fato" sem entender coisa alguma, mesmo com a dica latente do "ficava". O caminho do bom-senso seria: "O edifício Treloar ficava - na verdade, lá está até hoje - do lado oeste(...)"
Pronto, leitura condenada na primeira frase, quero dizer, como confiar na tradução a partir disso? DE FATO, as suspeitas se confirmam noutra frase deveras curiosa: "- É muito difícil avistar-se com o Sr. Kingsley sem marcar entrevista". Opções do bom-senso: Avistar o Sr. Kingsley? Encontrar-se com o Sr. Kingsley? "Avistar-SE COM O, juro que nunca vi, ao menos em terras brasileiras.
Esses dias tive que comprar na urgência um O Grande Gatsby em inglês, de tanto que me incomodei ao tentar reler uma tradução que tenho aqui em casa (daquela coleção de clássicos que foi lançada pela Folha, ZH, Globo e etc). Duas vezes aparece o termo "bem parecido", quando claramente percebemos pelo contexto que deveria ser algo como bonito, com boa aparência ou termo equivalente. "Excelento camarada, não acha? Bem parecido e um perfeito gentleman". Ah, tá.

(depois de uns dias enlouquecendo com certo capítulo do meu romance, volto à vida. Atualizei também o blog do Sinuca Embaixo d'Água.

postado por Carol Bensimon as 13:34 | pitacos (18) | trackBack (0)

los alamos.
Sabe-se lá como cheguei nessa banda argentina cujas tags de maior peso no last.fm são psychedelic, country, folk e indie. Com esse textinho vendedor (certamente há um publicitário querendo ser escritor por trás disso), atiçaram minha curiosidade: "Você já ouviu falar de narco-country? Nem eu, mas essa é a bandeira que o grupo portenho Los Alamos está carregando. E faz muito sentido! Imagine se o Spaceman 3 tocasse música folk, ou ainda, se o Velvet Underground tivesse nascido em Nashville. Como um Calexico chapado, trocando o Arizona pela Patagônia".
Gostei muito de "Cola de Cascabel", que dá pra baixar na íntegra pelo last.fm, aqui.

postado por Carol Bensimon as 13:33 | pitacos (16) | trackBack (0)

baseado em.
Dos quatro filmes que concorrem a mais estatuetas do Oscar - Onde os Fracos Não Têm Vez (8), Sangue Negro (8), Desejo e Reparação (7) e Conduta de Risco (7) - os três primeiros são baseados em livros. Isso me lembra a palestra do Peter Greenaway durante o Fronteiras do Pensamento: disse que todos os sucessos de público do último ano eram adaptações de livros ou histórias em quadrinhos, e a partir daí argumentou que o cinema andava confiando pouco em si mesmo, pois precisava que determinada história fosse aprovada em outro meio para aí então resolver "apostar" nela.
Não sei se compartilho dessa opinião, aliás, não tenho exatamente uma hipótese, mas só essa constatação de que é muito comum nos depararmos com o nome de um livro quando começam a rolar os créditos. Isso pode tanto falar de uma superioridade da literatura (do tipo não é fácil encontrar roteiristas criativos e que consigam criar uma boa história do zero) quanto de uma dependência enorme dela em relação ao cinema (para um livro realmente ser visto e vender, precisa ter uma capa especial ridícula ou no mínimo uma tarja dizendo que inspirou o filme tal).

postado por Carol Bensimon as 09:37 | pitacos (14) | trackBack (0)

my heroes have always been cowboys.
Minha missão para os próximos meses é entender os subgêneros do country. Se eu achasse algo como um documentário nos moldes daquele de 700 mil horas sobre a história do jazz, ajudaria bastante.

postado por Carol Bensimon as 20:56 | pitacos (2) | trackBack (0)

é tudo verdade.
É, tenho que admitir e me juntar à opinião do Roger, que afirmou esses dias nos comentários: a literatura francesa anda mal. Estou lendo "Como me tornei estúpido" e achando fraquinho fraquinho. Lembrando que foi um dos livros que mais projeção teve fora da França nos últimos tempos (e inclusive o novo livro do cara, o Martin Page, foi traduzido bem rápido aqui no Brasil), o diagnóstico só piora. Além do clássico ponto de partida preciso-mudar-de-vida-radicalmente (citado uns posts atrás), muitos autores franceses tem apelado para um humor que acho muito do sem graça.
Um dos únicos autores que sobreviveu ao teste foi o Patrick Modiano, mas o livro dele que eu li é da década de setenta (prometo a mim mesmo que vou tentar os mais recentes). Bem, em todo o caso, e por mais que eu seja francophone de carteirinha, acho bem feito: francês tem mania por exemplo de achar que não se ensina a escrever, de modo que não há NENHUM curso sério, quero dizer, ligado a uma universidade, de escrita criativa, como há nos Estados Unidos ou Canadá. Talvez isso seja pelo menos um dos motivos para a literatura anglófona dar de relho na literatura francesa contemporânea. Enquanto continuar esse romantismo besta de eu-escrevo-numa-chambre-de-bonne-bebendo-vinho-e-metendo-uma-piada, os americanos vão continuar humilhando.

postado por Carol Bensimon as 14:29 | pitacos (4) | trackBack (0)

carolbensimon.com
Comprei um domínio e criei um blog lá especialmente para falar sobre processo criativo e todas essas coisas que envolvem a produção de um romance. A idéia é que isso possa interessar pessoas que também escrevem, ou curiosos em geral. Sempre achei divertido o ato de discutir sobre o fazer literatura, mas acho que aqui no Kevin Arnold não seria adequado. Por aqui, seguimos com a programação normal.

www.carolbensimon.com

postado por Carol Bensimon as 12:36 | pitacos (1) | trackBack (0)

dados de dez faces.
Nesse domingo, depois de pelo menos uns oito anos sem jogar RPG, comecei uma partida de Vampiro com pessoas improváveis. Apenas uma delas já tinha jogado. Apesar de eu já ter esquecido bastante a respeito da estrutura da Família (os vampiros) e esses outros detalhes fundamentais - uma vez que quase todas as histórias passam por relações de poder & tentativas de sabotagem - lembrava bem do pano de fundo geral, das regras e de como preencher a ficha de personagem. Ainda me parece uma boa maneira de se divertir com amigos.

postado por Carol Bensimon as 22:10 | pitacos (4) | trackBack (0)

rio for gringos.
O guia Rio for Partiers, encontrado nas prateleiras da tia Sônia (sabe-se lá por que), foi uma diversão. Para isso, e sem seguir nenhuma dica (quase não saímos na noite), bastou encontrar as páginas "How to deal with brazilian boys" e "How to deal with brazilian women". Além de um texto clichezaço primoroso (cheios de algumas mentiras, como vocês logo verão), ainda fomos presenteados com a maravilha dos quatro principais tipos de garotas cariocas, bem como seus equivalentes masculinos.



A seguir, reproduzo alguns trechos que eu traduzi:

"Os piores lugares para conhecer as cariocas é na rua, onde elas estão mortas de medo de serem agredidas ou roubadas, e na praia, onde estão cercadas de conhecidos (já que elas freqüentaram exatamente o mesmo lugar por toda a vida) e não querem arruinar sua reputação mostrando-se 'fáceis' para os estrangeiros."

"Grande parte dessas mulheres ainda mora com os pais, pois o Rio é uma cidade perigosa para uma garota morar sozinha. Isso quer dizer que você não vai ser convidado para ir na casa dela. Você vai, no entanto, conseguir beijá-la após 30 minutos de conversa, às vezes mais rápido do que isso. Se as coisas forem indo bem e a química estiver funcionando, você pode levá-la para duas horas em um motel.
(veja nossa lista de motéis na página 120). Mas lembre-se: beijá-las não garante que você vai transar com elas, como é comum na Europa e nos Estados Unidos. Você pode estar saindo com uma 'serial kisser'."

"Não insista em ir para a casa dela. Sugira uma volta ao longo da Avenida Niemeyer (onde está a maioria dos melhores motéis)."

postado por Carol Bensimon as 08:20 | pitacos (6) | trackBack (0)

paranoid park.
Vi Paranoid Park, na única sessão que ainda estava disponível na cidade (14h30, Aeroguion). Continua sendo estranho ir ao aeroporto para ver um filme, mas tudo bem. O filme é legal, me provocou certo atordoamento, a trilha é muito massa e fiquei curiosa também pra saber como é a estrutura do livro no qual foi baseado. Acho que o Gus Van Sant conseguiu o que queria, ou ao menos parcialmente, que era encher de tristeza cada manobra de skate. Mas o fim, mesmo que eu tenha a tendência de gostar de finais abertos, decepcionou.
Durante a sessão, fiquei comparando o tempo inteiro Paranoid Park com aquele francês sobre as adolescentes que fazem nado sincronizado, La Naissance des Pieuvres (Lírios d'Água). Me parece que há semelhanças na abordagem e, pessoalmente, o francês toma um pouco a dianteira. Pura e goshtosa melancolia juvenil.
De toda a forma, é bom ter feito as pazes com Gus Van Sant: meses atrás, inventei de ver o Últimos Dias, sobre o Kurt Cobain. Um dos piores filmes que já vi em toda a minha vida. Duvido que tivesse roteiro. Simplesmente NADA de relevante acontece. E tudo bem se o que ele queria era exatamente mostrar que NADA de relevante acontecia MESMO, mas convenhamos que não é bem assim que deve ser feita a transferência da vida para o objeto artístico (como tudo que traz o ódio provoca noutros um amor exacerbado, a curva de notas dado ao filme pelos usuários do imdb é engracadíssima. Ao invés de ser uma simples curva normal, a maioria das notas está ou no 1 ou no 10).

postado por Carol Bensimon as 13:22 | pitacos (12) | trackBack (0)

um belo dia resolvi mudar.
Um tema que parece recorrente na literatura francesa contemporânea é o desejo de mudar radicalmente de vida. Quase todos os livros franceses que li no últimos tempos (ou que estou em vias de ler) tratam desse tema da mudança de identidade, e uma ou duas frases resumindo o conflito de cada um dos romances será o bastante para demonstrar o que eu estou dizendo.

1. Homem decide se tornar estúpido porque acha que a inteligência é a
causa da infelicidade.
2. Dois homens, que não se conhecem, combinam de se encontrar dali a três anos. Até lá, devem ter se tornado uma "outra pessoa".
3. Escritor que não consegue escrever há anos acha que ter o relógio que John Kennedy usava no momento que foi assassinado vai mudar completamente a sua vida.
4. Publicitário quer abandonar o meio e por isso força a sua demissão, contando todos os bastidores do mundo da publicidade.

postado por Carol Bensimon as 17:51 | pitacos (5) | trackBack (0)

palisades park.
Depois que eu pagar algumas contas programadas, esse pôster será certamente a minha próxima compra internética.


postado por Carol Bensimon as 12:19 | pitacos (2) | trackBack (0)

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