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estréia.
Finalmente, depois de anos com bom-senso o suficiente para evitar a palavra "escritora", já que um livro propriamente dito e propriamente MEU não existia, depois
de anos vivendo aquele momento transitório no qual se é UMA PROMESSA DA NOVA LITERATURA, meu livro de estréia tem lançamento previsto para meados de junho. E, para evitar a confusão que já sei que está criada, reforço que não é o livro pelo qual ganhei o prêmio da Funarte: esse do prêmio, Sinuca Embaixo d'Água, será o segundo (com publicação prevista para 2009).
O de estréia chama-se Pó de Parede. São três histórias que, embora não tenham uma ligação tão explícita, digamos que se aproximam num nível, hm, subjetivo. E por que eu demorei tanto, você me pergunta. Digamos que fiz como pude para segurar minha ansiedade em publicar, que acomete todo o jovem escritor. Digamos que eu sabia que juntar uma apanhado de contos seria um erro pelo qual eu me arrependeria imediatamente.
Então eu estava esperando chegar a isso, ao Pó de Parede. Me deu um ano de trabalho e, enfim, gostei. Além do mais, vai ter uma capa linda (foto da Ieve Holthausen, guarde esse nome), e sai pela Não Editora. Quer dizer que estou acompanhada de guris muito simpático e talentosos, e que permitem que eu me envolva em todos os detalhes do processo.
Mais informações nas próximas semanas.

postado por Carol Bensimon as 14:58 | pitacos (18) | trackBack (0)

perigo.
Depois de ver dois professores encantados com La Littérature en Péril (A Literatura em Perigo), de Tzvetan Todorov, resolvi finalmente encará-lo (e dizer "encarar" não é lá muito justo, uma vez que o livro é fininho fininho). Todorov é um dos grandes caras da teoria da literatura. Nesse livro, porém, de 2007, não há nada de acadêmico. Alguns dizem inclusive que é uma espécie de mea culpa de fim de vida. Explico: Todorov foi um dos teóricos que transformou o estudo da literatura. Antes baseado em biografia de autor e achismos sobre o sentido do texto, passou-se a encarar o texto em si como objeto de estudo a fim de analisar os seus mecanismos.
Mas Todorov nos relata que, na França, isso teve efeitos devastadores no ensino da literatura em colégios, pois os professores fazem com que crianças e adolescentes analisem as obras dentro dessa perspectiva. Ou seja, ao invés de pensar no que o inseto gigante de A Metamorfose está nos dizendo, nos valores transmitidos pela obra, no, tenho medo de usar essa palavra e uso com ressalva, mas vá lá, no sentido da obra, pergunta-se aos alunos que tipo de narrador o texto utiliza, pede-se definições e demonstrações de termos técnicos, como analepses e prolepses, e assim por diante. Tem cabimento? Nenhum.
Como resultado disso, ainda segundo Todorov, cada vez mais as pessoas se afastam da literatura (ok, além dos n outros motivos que nós podemos declamar em coro). E, ao analisar o que está implicado nessa crise da literatura, o autor chega a conclusão que, de modo geral, o escritor contemporâneo francês de insere em três categorias pra lá de duvidosas.
A primeira: o escritor niilista. A vida não tem sentido, então vou curtir (me parece que esse existe há anos, mas tudo bem. Digamos que o niilismo atual explicaria porque os beats e bukowski e a meia-boquice do John Fante estão na moda). O segundo: o escritor auto-centrado. Eu tenho a tendência a achar que essas duas primeiras categorias são, no fundo, a mesma coisa. Vide Houellebecq. Mas sigamos. O terceiro: o autor para agradar acadêmico. Nessa entraria quase toda a meta-literatura, que não interessa a ninguém, além de acadêmicos e escritores.
O que é um bom gancho para o meu fechamento: se La Littérature en Péril tem um mérito, esse mérito é nos lembrar que, no fim das contas, literatura trata de questões humanas. Portanto pouco vale um guri de colégio saber destrinchar um texto. Deixe o trabalho sujo para os acadêmicos, e mostre ao guri o que o texto está dizendo sobre o mundo. E, em se tratando de escrever, mesma coisa. Sempre bom lembrar que a técnica está (ou deveria estar) sempre subordinada às sensações que quero passar com esse texto, às questões que quero levantar. E esquecer disso é condenar a literatura a meia dúzia de pessoas mostrando umas pras outras os seus contorcionismos formais e estruturais, incapazes de provocar alguma emoção, que não seja aquela piscadinha de olho: ahá, belo truque, hein?

postado por Carol Bensimon as 10:20 | pitacos (6) | trackBack (0)

alabama song.
Então eu estava lendo esse livro incrível chamado Alabama Song, do Gilles Leroy. Depois de muitas meia-boquices francesas, enfim uma bela obra contemporânea do país. A narradora é Zelda Fitzgerald, esposa de Scott Fitzgerald - e dizer "esposa do" já é cometer o crime que vai matando Zelda lentamente. Tenho dificuldade de falar daquilo que me empolga MUITO, portanto, sem mais, digo apenas que deu vontade de começar a ler de novo assim que terminei, o que é raríssimo, e muito disso pelo jeito como soa a escrita de Gilles Leroy (além, é claro, da chocante trajetória da personagem). O livro ganhou o Goncourt do ano passado (para quem não sabe, é o prêmio literário mais importante da França) e ainda não foi lançado no Brasil.

(Gilles Leroy leu muito Faulkner na vida. Só podia dar certo)

postado por Carol Bensimon as 11:36 | pitacos (8) | trackBack (0)

idéias tacanhas.
Enquanto penso se escrevo algo mais elaborado a respeito da demolição do Timbuka, cito David Coimbra na crônica de hoje. O negrito é meu:

"Nunca fui a esse bar, não conheço seu proprietário, nem sei quem o freqüenta, mas é evidente que se trata de um consagrado local de convívio da cidade. O bar existe há 40 anos, período durante o qual teve o mesmo dono, e angariou habitués arraigados a ponto de embargar a voz ao falar de sua demolição e de promover movimentos em nome da sua manutenção. Não há muitos ambientes com essas credenciais em Porto Alegre. Tais lugares, eles se formam espontaneamente, à margem do poder público, como em qualquer cidade viva. Eis o busílis: o poder público não precisa fomentar locais de convívio, precisa apenas dar condições aos que já foram escolhidos pela população."

Sim. É essa, pelo menos, a minha concepção de cidade.
O mais sem sentido dessa história toda é esse projeto da prefeitura de fazer no local o tal do "espaço de convivência", com píer, bar, CONCHA ACÚSTICA e etc. Quer dizer que os mesmos problemas dos quais reclama a vizinhança (barulho & drogas) continuarão, mas num ambiente limpinho e sem cara e sem história. Tudo bem, porque duvido de qualquer forma que isso saia do papel (veja o caso do Cais do Porto, com projetos de revitalização, citando o Diego, DESDE O DESCOBRIMENTO).
Obviamente tudo só vem a compactuar para a completa falta de relação da cidade com o Guaíba. Vergonha total.

postado por Carol Bensimon as 10:57 | pitacos (4) | trackBack (0)

o que já me ensinaram as pesquisas de campo.
* Ficar embaixo de um carro suspenso por um macaco hidráulico gigante é bem desesperador. Mas depois acostuma. Se o chefe da oficina está agindo com tanta naturalidade, por que não eu?

* Há muita serragem numa madeireira. Tanta serragem que ela é sugada e armazenada no teto. Tanta serragem que entra por todos, ou quase todos, os orifícios do corpo.

* Eu jogo hockey bem melhor que o meu personagem.

postado por Carol Bensimon as 23:17 | pitacos (0) | trackBack (0)

coisas que não faço.
Vai um hockeyzinho aí?


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Bem. Falando sério. Hockey na minha vida é por demais romântico e belo. Ignoro completamente a realidade dos olhos arrancados da órbita com a lâmina do patins e tudo o mais para imaginar um civilizado jogo de computador de 97 ou 98. Mais do que isso: para me imaginar jogando no sol do parque e deslizando lindamente. Já joguei hockey. Três, quatro vezes? É realmente difícil achar parceria. Tenho um taco. Ele é de madeira, portanto pesado, mas dá pro gasto. Comprei na traxart, no tempo que eu procurava um boné do Detroit Pistons (todo o mundo dos esportes chegava a mim só pelo videogame). Bem. Eu tento até hoje achar meus/minhas parceiros(as) do hockey, seguindo aquele critério universal do esporte (obrigada, Diego): não alguém que realmente JOGUE, porque não queremos passar vexame nem ter fraturas expostas. Se você é essa pessoa e está lendo isso, bah, toca pro Germânia.

postado por Carol Bensimon as 12:41 | pitacos (12) | trackBack (0)

mnemônico.
Enquanto não atualizo o blog (amanhã, amanhã e já com lacinho no dedo), aviso que escrevi um novo post no www.carolbensimon.com e que logo mais (?) estarei batendo o martelo na Copa de Literatura.

postado por Carol Bensimon as 12:25 | pitacos (0) | trackBack (0)

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