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método.
Coisa burguesa mais delícia de todos os tempos foi ter comprado um macbook,
formando dupla poser com o moleskine e tornando a vida literária muito mais glam. Agora, com a chegada do verão e conseqüente esvaziamento portoalegrês, cultivo o hábito de descer no jardim do prédio para trabalhar, com o computador e o chimarrão. Tentando não me preocupar com a vida útil da bateria, os assaltantes que podem eventualmente cruzar o portão fingindo-se de motoboys, e outras coisas de ordem prática, digo que essa estratégia é surpreendente: impressionante como rendo bem mais lá embaixo, isolada das coisas que a casa me oferece. Pela mesma razão, tem neguinho alugando divisória de escritório para escrever tese de doutorado (um telefone, um computador), como contou o Firpo esses dias. Ah, e lá embaixo pega internet: de vez em quando de um vizinho desavisado que deixou a rede aberta, outras vezes a famosa linksys que, conta a lenda, é a rede da prefeitura. Até dá pra se enganar e fingir primeiro-mundo.
No mais, quanto mais me empolgo com o andamento do romance, mais faço planos de me isolar por um tempo lá no sítio do meu vô, que é o que temos a mão, embora o que soe ideal mesmo seria seguir os passos da Vane e alugar uma cabana na Finlândia. Impressionante como essas coisas ainda me seduzem, por mais idiotas que pareçam.

postado por Carol Bensimon as 14:36 | pitacos (2) | trackBack (0)

vassoura em sol menor.
Tem um conto meu na Revista de Verão da zerohora.com. Precisa-se de um mapa para chegar até lá, ou um endereço de três linhas de extensão, ou clicar aqui.
A foto foi tirada pelo Gabriel na famosa viagem às praias mais chinelonas do sul.

postado por Carol Bensimon as 11:17 | pitacos (7) | trackBack (0)

bolsa funarte.
Hoje de manhã recebi a notícia, via sotaque carioca, de que fui uma das contempladas com a Bolsa Funarte de Estímulo à Criação Literária. O concurso selecionou dois projetos de livro (acompanhados de trechos já escritos) por região brasileira.
Agora são R$ 30.000 para escrever o livro até julho e aproveitar o sentimentozinho bom de reconhecimento.

postado por Carol Bensimon as 16:29 | pitacos (23) | trackBack (0)

pequeno segredo sussurrado.
Quando a Sabrina esteve aqui na cidade semana passada, encontrei-a, junto com outros amigos, no Parangolé. Lá pelas tantas, o assunto foi parar no Gabriel. Depois, naquela mesma noite, sonhei que encontrava uma banda, toda vestida de roupas vermelhas com botões dourados e tocando pratos e tambores, na 24 de outubro. Era um enterro. O sonho se repetiu outras vezes e demorei para entender um pouco o que ele queria dizer. Mas volto ao Parangolé: a Sabrina teve que lidar com o luto sozinha num banco do Central Park. Contou tudo isso e mastigamos juntos várias memórias doloridas. Encadeamos com esses alguns outros assuntos mais leves, e não pode deixar de ser uma bela noite para mim, nós ali de novo reunidos. Então lá pelas tantas percebi a coisa mais doida do mundo: Sabrina estava gesticulando igualzinho ao Gabriel, como se todo esse ano e pouco em Nova York tivesse então feito com que conservasse nela os antigos trejeitos iniciados pelo Gabriel e seguidos por todo o grupo (os quais fomos miseravelmente perdendo ao longo do ano). Foi um momento bonito, ainda que dolorido.

Como está anunciado na capa do insanus, homenagem e lançamento do livro em memória de Gabriel hoje, às 19h, na Galeria de Arte do Dmae (Rua 24 de Outubro, 200).

postado por Carol Bensimon as 13:59 | pitacos (4) | trackBack (0)

edifício yacoubian.
O Edifício Yacoubian é sem dúvida o primeiro filme egípcio que eu assisti. Tendo quase toda a minha família materna nascido e vivido em Alexandria, e Alexandria e o Egito dos "bons tempos" sendo constantemente lembrados em qualquer conversa, isso soa como um pecado. Mas talvez não, se eu pensar que, depois da expulsão de 1957, nunca mais colocaram os pés lá, e tudo o que dizem é que hoje a coisa degringolou: confeitarias mais luxuosas que as parisienses no meio da favela total. Pois bem. O Edifício Yacoubian foi meu primeiro confronto com o Egito real, e Egito é igual ao Brasil, só que o fanatismo religioso deixa tudo com mais cara de aberração.
Estranho ver o cotidiano de uma sociedade muçulmana. Ok, sabemos como funcionam mulheres de burka no Afeganistão ou com o chador na Oxford Street e portanto tentando mostrar riqueza e bom gosto só através das suas bolsas e dos seus óculos escuros. Mas o que soa esquizofrênico no Cairo é a ocidentalização (mulheres de mini-saia) convivendo com os valores mais arcaicos do mundo, sobretudo no que se refere às mulheres.
Embora o filme traga toda uma gama de personagens, cada um com seus conflitos (é a adaptação de um livro, e tem 160min de duração), todas as tramas tratam basicamente da relação entre sexo e poder. Mulheres que, por um empreguinho merreca, têm que se sujeitar aos abusos do patrão, ou a ser a prostituta secreta de um rico corrupto, unidos estranhamente pelos laços de um segundo e simultâneo matrimônio - com a aprovação de Deus. Ou um gay que trabalha num conceituado jornal e precisa comprar sujeitos heteros e pobres com vinho e comida cara em troca de um pouco de sexo. E a solução para não ser explorado parece ser somente matar ou roubar. Enquanto isso, a corrupção rola solta (repetitindo, Egito = Brasil), mas sob a presença constante da religião, e Deus é evocado até no momentos das maiores falcatruas.

Recomendo muito. Para quem mora em Porto Alegre, o filme está passando no AeroGuion.

postado por Carol Bensimon as 14:57 | pitacos (3) | trackBack (0)

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