2005.
Quando chegou com o calor de novembro e as campanhas de Natal aqueles inevitáveis balanços do ano, pensei que esse 2005 era quase nada, lembrei de pouca coisa significativa e tirei uns 5 fatos relevantes, entre eles uma nova e importante amizade e o jazz. Depois uma reflexão um pouco mais aprofundada mostrou que eu havia me enganado completamente. Dá até pra dizer que 2005 foi o ano em que TUDO mudou.
Outro dia eu levei meu primo de 11 anos pra Zona Sul tomar uns ARES. O guri passa o dia inteiro no computador ou envolvido com a superproteção materna. Nesse contexto assustador, eu decidi há um tempo já ser o contraponto. Tentei levá-lo no show do Strokes inclusive, ele mal se continha na empolgação, mas acabou que crianças deveriam ir acompanhadas dos pais, e aí não rolou. Bem, então fui pra Zona Sul com o guri duas semanas atrás, reclamava de fome, a gente parou no Cenoura (que chamamos de Cenoura's, porque assim é bem mais massa) e pegou uns pastéis, e eu comecei a falar de um pedaço de grama que não tem dono perto do Jangadeiros (sobre o qual já falei milhões de vezes aqui) e ele disse: vamos lá.
Bem, fomos. E, para minha surpresa, tinha gente: um grupo de uns cinco jovens tomando um chimarrão e falando alto. Beleza. Nos isolamos num cantinho e ficamos comendo os pastéis. Talvez seja irrelevante para o assunto do post dizer que o primo p. se cansou rápido de não fazer nada assim que terminou de comer, e eu me senti desapontada, porque esse era o garoto que caminhava pelo bairro e se interessava até por arquitetura. Fiquei culpando mentalmente os jogos de computador, talvez o Anchieta, mas acabei gastando as atenções naquele grupo que tomava o chimarrão entre risadas e falando alto. Concluí que eram vizinhos, e lamentei um pouco ter nascido em Moinhos de Vento e não saber o que significa essa vida de interior. Mas o que de fato mais me bateu é que eles eram cinco, cinco amigos, cinco amigos JUNTOS. Foi precisamente nesse instante em que percebi o quanto 2005 inverteu minha vida. 2005 foi o ano em que todas as pessoas ficaram ocupadas demais, inclusive eu. E, embora os amigos não tenham desaparecido, e a gente continue se gostando do jeito que era antes, cada vez os encontros tornam-se mais esporádicos, tendo que ser encaixados numa rotina difícil, nos intervalos de almoço, no tempo em que o namorado tem um compromisso que é só dele. Mas, se esse contato se mantém, ainda que capenga, o que sumiu definitavamente em 2005 foram os grupos. É muito difícil que todos tenham tempo no mesmo horário, e tudo ficou meio restrito a um encontro de dois.
Se isso tudo parece um pouco triste, ensinou a solidão. Foi um grande aprendizado descobrir que há prazer também em tomar chimarrão sozinha.

postado por Carol Bensimon as 10:27 | pitacos (123) | trackBack (0)

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