« junho 2008 | Principal | agosto 2008 »

ontem à noite.
A sorte é que passou por baixo da porta de vidro (a primeira porta).


carta_caixa2.jpg


Olá, família.
A coisa se passa assim: primeiro, me apresento. Digo que me chamo Carol Bensimon, e que um dia tentei ser publicitária (não deu). Digo que trabalhava perto de vocês, e muito ia ao mercadinho, tanto pra comer quanto pra matar o tempo no meio da tarde. Então chega a hora de mencionar que sou escritora (fico constrangida) e que acabo de lançar meu primeiro livro, mas, sem nenhuma intenção de passar currículo, a única coisa que me interessa dizer a vocês, família da casa esquina ******** com ******, é que sua casa serviu de inspiração à primeira história do meu livro (é uma trilogia), e que por isso sou a ela muito apegada e gostaria de dividir isso com vocês.
Adiciono um espero de verdade que gostem e que não se sintam ofendidos com nada: a casa não é exatamente a de vocês, e a família com certeza saiu todinha da minha imaginação (mas vocês verão que é uma boa família, de qualquer maneira).
E termino adicionando um livro ao envelope, com uma dedicatória-resumo disso que já está na carta.

Um grande beijo e meus sinceros agradecimentos,

Carol Bensimon

PS: fiquem atentos à revista Bravo! de agosto: seus combogós em nível nacional.

postado por Carol Bensimon as 11:29 | pitacos (1906) | trackBack (0)

update me.
As perguntas tecnológicas de Tiago Dória fizeram com que eu me acordasse um tanto idade da pedra ontem. Babando, ansiava pelas novidades do mondo digital, estava achando msn so last week, e sentia grande vergonha de mim mesma por não usar rss. O resultado de tudo isso é que fiz um twitter, e pude respirar aliviada. Mas o fato é que o twitter está para a internet como os mini contos estão para a literatura. Quer dizer: tema um pouco, porque a tendência é que seja usado para o mal. Ainda não tenho bem certeza (internéti é muito complicada), mas acho que dá pra acessar por aqui.
Em todo o caso, nas próximas mais semanas, é mais provável que eu apareça em doses homeopáticas e em belo sarcasmo de quinta (twitter). Tenho uma dissertação para terminar.
(ia escrever mais alguma coisa, mas meu pensamento já estão tão twitter que só vem em 140 caracteres. obrigada)

postado por Carol Bensimon as 09:48 | pitacos (2) | trackBack (0)

desencantado carrossel.
Pois esse garoto que me namora, Diego Grando, está lançando também o seu primeiro livro, Desencantado Carrossel. E está trimassa, e ele tem essas boas idéias que saem do livro, como fazer cubos com um belo de um poema em cada face, como fazer poemas impressos em balões laranja, e no lançamento vai rolar um pocket-show com o Alexandre Kumpinski, da Apanhador Só - espero que o resto dê para se enxergar nas letrinhas pequenas. O livro está muito muito bom. Duvidou? Confere a degustação, ora.

convitecarrossel.jpg

postado por Carol Bensimon as 22:38 | pitacos (10) | trackBack (0)

o mais pessoal que pode ficar.
Ontem eu precisava captar algumas sensações para o capítulo final do Sinuca embaixo d'água, e fui no local que poderia me causar essas necessárias sensações. Engraçado que tudo pareça frio e calculista quando é só um plano, mas, quando a gente dá o play, as coisas acabam acontecendo de um jeito comovente. Na verdade, foi algo bem irônico o fato de eu ir procurar o drama final do meu livro e acabar encontrando um drama pessoal.
Dirigi para a Zona Sul e, na beira do Guaíba, lá estava a casa salmão. De noite, eu já tinha visto que ela estava sendo demolida, reformada, cortada ao meio ou sei lá o quê. De dia, pareceu bem mais triste, sobretudo porque é mais visível o desgaste da pintura, o pátio que agora vai virar outra coisa ou outra casa, a janela que dá a impressão de mostrar uma sala vazia, e depois houve também a mulher entrando, lutando com o portãozinho, que teimava em não abrir. A porta também cedeu de um jeito estranho.
Enquanto isso, exatamente em linha reta, os restos do Timbuka. Atravessei a rua, porque isso era importante também para a minha história, e vi que o chão ainda está todo lá. Andei sobre ele, e era como se eu andasse sobre uma planta baixa. Estranho que, sem paredes, sem mesa de sinuca, sem nada, o lugar pareça tão pequeno. Tentei imaginar as coisas que estavam ali antes. E isso, e o tempo cinza, que parecia ideal para o fim de capítulo, mas que na verdade estava mais fazendo eu coletar mais uma dorzinha em mim e absolutamente nada para a literatura (será?), gerou uma espécie de epifania para o mal. De repente percebi que tudo que está no livro não está mais, fisicamente, no mundo. O meu melhor amigo que morreu. A banda, essa banda que toca no fundo de cada página do romance, que já não existe mais. E agora também, e como se o Sinuca pudesse ter previsto, ou como se acelerasse o processo de desgaste das coisas, o Timbuka demolido quando eu estava mais ou menos pela metade do livro. Eu não sabia, como também não sabia que a casa salmão ia ser reformada, destruída, ia, enfim, virar alguma outra coisa, então tenho nas mãos (pronta a primeira versão) um romance que fala de coisas que já não existem mais. Se foi uma tristeza juntar os pontos e traçar a ausência de tanta gente e tanta coisa, parece que foi também uma maneira de perceber que literatura é exatamente isso, e tudo ainda há de estar ali.

postado por Carol Bensimon as 17:48 | pitacos (8) | trackBack (0)

=D
Estou lendo O Jogo da Amarelinha, do Cortázar, que eu já tinha começado a ler outras duas vezes há anos, mas, por um motivo ou outro, havia abandonado. E há um trecho - não, na verdade há muitos trechos, mas o que interessa pro que vou dizer é esse trecho que fala em solidão e diz que somos como árvores, os troncos distantes e imóveis que nunca se encostam, e os galhos então fazendo leve contato uns com os outros nos seus movimentos. E de repente eu estava pensando num tipo de relação fascinante, que não são as amizades concretamente estabelecidas, essas como galhos que se tocam todo o tempo e sim, são ótimas, mas estava era pensando nessas ligações etéreas, dum rápido encostar, que é como receber pelo correio um pedaço de jornal sobre hotwheels (porque um dia comentei que os usaria no meu romance) com um post-it rosa escrito "para carol bensimon"; enviar o vídeo da dancinha a uma garota na Namíbia e saber que ela ia sentir igualzinho a mim (e chorar-de-pertencimento); ter combinado de ler um livro ao mesmo tempo com meu amigo dos mails longos, só pra podermos comentar depois (e lemos, e comentamos); passar uma noite gelada em São Chico com uma estufinha que estava a ponto de incendiar o quarto com esse amigo que vejo uma vez por ano, mas que, quando vejo, me faz repensar toda a vida; trazer pra Porto Alegre o guarda-chuva de cavalheiro de São Paulo; receber, em São Paulo (agosto), vinte deliciosos bombons de cupuaçu de uma menina de Belém do Pará que nunca vi.
Eu sei, parece bandeja do McDonald's, mas parece também o sentido da vida.

postado por Carol Bensimon as 22:28 | pitacos (10) | trackBack (0)

jornalismo maravilha.
Assim como Mário Bortolotto procurou três ex-namoradas e tentou entender o porquê dos finais de relação (matéria da Trip, inspirada no filme Flores Partidas, que na verdade parece-me o mesmo argumento de Alta Fidelidade), ocorreu-me que eu devia procurar as minhas ex-professoras de literatura e tentar entender o ensino da literatura no Brasil, e de que modo, graças ou mais provavelmente APESAR do ensino, eu decidi escrever. Poderia transformar-se em algo deveras interessante. Se nenhuma revista comprar minha idéia, estou pensando seriamente em fazer por conta.

postado por Carol Bensimon as 15:08 | pitacos (8) | trackBack (0)

arquivos

insanus



Kongo.gif