faz-de-conta.
Quem me conhece, conhece também minha testa franzida quando alguém fala em minicontos. Não acredito em minicontos. Mas, pelo bem das contradições, acabo de publicar um numa revista dos Açores chamada Magma, e como jamais alguém terá acesso a essa revista (ou melhor dizendo: a não ser que você more na ilha do Pico e arredores, o que eu não recomendo, pois muito ouvi falar nos tempos de pesquisa do mestrado nas nuvens de algodão-sujo que levam instantaneamente à depressão), reproduzo-o aqui. Para a publicação, tive que adequar a palavra "traguinho" ao vocabulário açoriano (ficou "copinho"), mas aqui mantenho o original.



Faz-de-conta

Para começar tudo de novo, uma ilha bastaria. Sem barco, sem telefone, sem sonho de fuga e um mais-que-proibido-falar-com-deus. E que não se acreditasse no invisível: nem nos ácaros, nem no além-mar. Entre dez e vinte pessoas, tão somente isso, porque suficiente para o traguinho do final da tarde, mas pouco para a existência dos muitos estratos sociais que servem às pesquisas mercadológicas. Uma ilha bastaria, e um nada imaginado em volta, para a certeza do amor num raio de um quilômetro e meio, da roupa de cor adequada nesse ano e nessa estação, e do saber aonde se quer chegar (que é aqui mesmo). Enfim, um tudo pertinho de estar bem.

postado por Carol Bensimon as 14:01 | pitacos (10) | trackBack (0)

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