céline
Se é necessário uma prova de que não dá pra confundir vida de autor, caráter de autor, ou o diabo a quatro, com obra de autor, essa prova é Céline. O sujeito foi um anti-semita escroto, e seus panfletos disseminando idéias preconceituosas acabaram sendo responsáveis por um certo esquecimento do autor durante longo período. Ler Céline era como concordar com essas idéias.
Agora, entre os escritores franceses do século XX, ele é o mais traduzido. Só perde para Proust.
Acabo de ler Céline. Voyage au bout de la nuit (Viagem ao fim da noite, Companhia das Letras, esgotado). Maior livro da literatura francesa disparado (tá bom, empatado com L'Étranger, do Camus). Como parte, em certo sentido, da turminha existencialista, o sofrimento é atroz - e compartilhado pelo leitor. Mas, diferente de um Sartre da vida, Céline realmente não está a fim de fazer tese travestida de romance: há idéia E forma. Passagens sublimes. Descrições de rasgar alma. ;) Recomendo fortemente. Mas não toque nele num sábado à noite. Sábado à noite é dia de ver musicais franceses tomando sangria.

postado por Carol Bensimon as 11:00 | pitacos (8) | trackBack (0)

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