reforma ortográfica 2
Tomando chá com uma puta vista de bairro burguês e da Torre Eiffel, na cafeteria da Rádio França Internacional (a.k.a Torre de Babel insana), uma jornalista de conversa agradável me disse que a reforma ortográfica toca 0,5% do português brasileiro. Em Portugal, são 3% de mudanças sobretudo nas letras mudas que eles deverão perder (como o c de acção).
0,5% é titica de galinha, convenhamos, e pouco justifica o surto coletivo, ou a desconfiança, cada vez mais frequente, de que tudo que se escreve está errado de acordo com a nova norma. Tenho certeza que você, leitor, viu nos últimos tempos algumas pessoas agindo assim, como se de repente tivesse perdido toda a aptidão para a linguagem escrita.
Observação não menos relevante: a palavra mais bizarra da nova grafia que já vi até agora é certamente micro-ondas. E ela parece entrar em contradição com uma regra do hífen que diz que não se usa mais tal sinal gráica nas palavras que perderam a "noção de composição", tais como para-quedas (agora paraquedas). Micro-ondas, por outro lado, não entra nessa categoria, já que era uma palavra só. Mas agora, com hífen, revela toda a sua origem ficção científica. Eu tenho muito mais medo das radiações desde que micro-ondas é com hífen. Sério.

postado por Carol Bensimon as 12:21 | pitacos (8) | trackBack (0)

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