Tá, tenho outra pra contar envolvendo casas. E essa não fui eu quem procurou o insólito (como no caso da carta à casa-caixa, aqui nesse post e mais aqui): o insólito me procurou.
Recebi um mail de um sujeito que dizia ter ficado sabendo que eu escrevera um livro sobre a casa onde ele morara na infância. Com direito a memórias de períodos longínqüos. Com direito a link no Google Maps apontando a casa. Profundamente emocionada (esses contatos me pegam n'alma), vi que havia um duplo equívoco, na verdade. O primeiro: a "casa salmão" não é do Pó de Parede, mas do livro ainda não publicado. O segundo: a dele, embora salmão, ou rosa, diriam alguns (como eu), não era propriamente a casa salmão do Sinuca, posto que conheço, de longa data e muito deliciosas lembranças, a família-salmão.
Mas, peraí, esse sujeito, claramente emocionado me contando suas histórias de criança, o vento batendo nas persianas de madeira do sótão, e a família depois quebrada tendo que vender o lugar que haviam construído, estava falando de outra casa de peso do meu imaginário: a casa rosa da Prainha/Praia do Cachimbo. A casa rosa da Vila Conceição. Tu, portoalegrense, deve saber do que estou falando. A casa de "E o vento levou", como lembro da minha tia dizer quando eu era ainda muito pequena. E depois, e depois, quantas vezes lá de noite olhando o rio, sem muita noção do perigo, quantas vezes tomando chimarrão e vendo macumba e ouvindo cantos? E vendo a fumaça subir lá em Guaíba, que de longe é bem bonito. Quantas vezes e com tantas pessoas! Algo como o melhor que eu tirei de cada uma delas, e o que cada uma delas tirou de mim.
postado por Carol Bensimon as 17:11 | pitacos (12) | trackBack (0)